Pergunta: Joseph Smith incluiu o sonho de seu pai da árvore da vida no Livro de Mórmon?

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Pergunta: Joseph Smith incluiu o sonho de seu pai da árvore da vida no Livro de Mórmon?

Os detalhes do sonho do pai de Joseph foram escritos muito depois da publicação do Livro de Mórmon

Críticos apontam para as similaridades entre um sonho que o pai de Joseph teve e o sonho de Leí da árvore da vida como evidência de que Joseph escreveu o Livro de Mórmon baseando-se em suas próprias experiências. De forma significativa, nenhum membro da família de Joseph considerava as similaridades como uma evidência de que Joseph Jr. estivesse se envolvendo com uma falsificação.

Os detalhes do sonho foram escritos muito depois da publicação do Livro de Mórmon. Percebe-se que o palavreado do relato de Lucy é um tanto parecido com o do Livro de Mórmon. Ou Joseph Sr. teve um sonho notavelmente similar ou Lucy usou o material do Livro de Mórmon para auxiliar seu relato ou se deixou influenciar involuntariamente por ele na hora de relatar.

Há três explicações em potencial para as similaridades

  1. Joseph Smith plagiou o sonho de Joseph Sr. quando escreveu o Livro de Mórmon. Esta é a posição adotada pelos críticos.
  2. Joseph Sr. teve um sonho parecido com o que Leí teve e este foi um sinal à família do profeta de que ele estava traduzindo um registro verdadeiro que veio de Deus. Isto é certamente possível, embora seja impossível provar ou refutar por técnicas históricas. Portanto, não discorreremos mais sobre isto. Entretanto, permanece como opção viável.

O relato de Lucy Mack Smith do sonho (o qual ela registrou muitos anos depois do fato ter ocorrido, quando o relato do Livro de Mórmon já estava publicado e era bem conhecido) pode ter sido influenciado por como ela se lembrava e/ou registrara o sonho de Joseph Sr.

Detalhes do sonho de Joseph Smith Sr. da árvore da vida

De acordo com Lucy Mack Smith, Joseph Smith Sênior, o pai do profeta, teve o seguinte sonho em 1811, quando a família vivia em Lebanon, New Hampshire. Joseph Smith Junior teria tido 5 anos de idade na época.

Eu pensava... que estava andando em um campo aberto e desolado, que parecia ser bem árido. Enquanto eu andava, veio, de repente, um pensamento em minha mente de que seria melhor eu parar e refletir sobre o que eu estava fazendo, antes de prosseguir. Então, eu me perguntei: "Que motivos eu tenho para andar por aqui e que lugar é este?" Meu guia, que estava ao meu lado como antes, disse: "Este é o mundo desolado; mas prossiga." A estrada era tão larga e árida que me perguntei porque eu deveria passar por ela; pois, disse eu a mim mesmo, "espaçoso é o caminho, e larga é a porta que leva à morte, e muitos há que entram por ela; mas apertado é o caminho e estreita é a porta que leva à vida eterna, e poucos há que entram por ela."

Depois de caminhar por mais uma curta distância, cheguei a um caminho estreito. Entrei por este caminho e, quando já havia caminhado um pouco, vi um belo riacho de água, que corria do leste ao oeste. Eu não podia ver nem a fonte nem o término do rio; mas tão longe quanto minha vista alcançava, podia ver uma corda se estendendo por toda a margem, na altura certa para um homem segurá-la, e logo além havia um vale baixo, mas muito agradável, no qual estava uma árvore tal como eu nunca tinha visto antes. Ela era extremamente bela, de tal forma que a observei com assombro e admiração. Seus belos galhos se espalhavam de certa forma semelhante a um guarda-chuva e dava um tipo de fruto, cuja forma era bem semelhante a um ouriço de castanha e era tão branco quanto a neve ou, se possível, ainda mais. Eu contemplei o fruto com considerável interesse e, enquanto o fazia, os ouriços ou cascas começaram a se abrir e a derramar suas partículas, ou o fruto que continham, o qual era de uma brancura deslumbrante. Eu me aproximei e comecei a comer dele e o achei delicioso além de qualquer descrição. Enquanto comia, disse em meu coração: "Eu não posso comer isso sozinho, tenho que trazer minha esposa e filhos para que partilhem comigo". Portanto, fui e trouxe minha família, a qual consistia de uma esposa e sete filhos, e todos começamos a comer e a louvar a Deus por esta bênção. Nós estávamos extremamente felizes, de forma que nossa alegria não podia ser expressada facilmente.

Enquanto estava comendo, vi um edifício espaçoso do outro lado do vale onde estávamos, que parecia alcançar os céus. Era cheio de portas e janelas que estavam cheias de pessoas, cujas vestimentas eram muito finas. Quando essas pessoas nos observaram no vale baixo, sob a árvore, elas apontaram dedos de escárnio a nós e nos trataram com muito desrespeito e desprezo. Mas nós ignoramos completamente a sua insolência.

Eu, então, virei-me para meu guia e lhe perguntei o significado do fruto, que era tão delicioso. Ele me disse que era o puro amor de Deus, que se derrama nos corações de todos aqueles que o amam e guardam seus mandamentos. Ele, então, ordenou-me que fosse e trouxesse o restante de meus filhos. Eu lhe disse que já estavam todos ali. "Não," ele replicou "olhe mais longe; ainda tem mais mais dois e você deve trazê-los também." Depois de erguer meus olhos, vi duas pequenas crianças paradas a alguma distância. Eu fui imediatamente até elas e as trouxe até a árvore, depois do que elas começaram a comer com os outros e todos nos regozijamos juntos. Quanto mais comíamos, mais parecíamos querer comer, até mesmo ao ponto de nos ajoelharmos e rasparmos o fruto com ambas as mãos para comê-lo.

Depois de nos banqueatearmos desta maneira por um curto tempo, perguntei a meu guia qual era o significado do edifício espaçoso que vi. Ele respondeu: "É a Babilônia, é a Babilônia e deve cair. As pessoas nas portas e janelas são, portanto, seus habitantes, que escarnecem e desprezam os Santos de Deus por causa de sua humildade."

Pouco depois acordei, batendo palmas de alegria.[1]

Há muitas conexões óbvias entre este sonho e a visão de Leí da árvore da vida registrada em 1 Néfi 8:

  • Um campo desolado representando o mundo (8:4).
  • Um caminho estreito (8:20).
  • Um rio de água (8:13).
  • Uma corda percorrendo toda a margem do rio (cuja função é semelhante à barra de ferro em 8:19, 24).
  • Uma árvore com fruto branco deslumbrante (8:10-11).
  • Joseph Sr. deseja que sua família também partilhe do fruto (8:12).
  • Um edifício espaçoso cheio de pessoas que estão zombando daqueles que comem do fruto (8:26-27).
  • Joseph Sr. e sua família ignoram a zombaria (8:33).
  • O fruto representa o amor de Deus (11:22).
  • O edifício representa o mundo (11:36; 12:18).

A fonte do sonho é o manuscrito para o qual Lucy ditou no inverno de 1844-45, 15 anos após a publicação do Livro de Mórmon

A fonte do sonho é o manuscrito de Lucy para Joseph Smith, The Prophet And His Progenitors For Many Generations, o qual ela ditou para Martha Jane Coray no inverno de 1844-45. Veja a data do ditado de Lucy: mais de 15 anos após Joseph Smith Júnior ter ditado o Livro de Mórmon. Sonhos são notoriamente efêmeros. É difícil para a maioria das pessoas se lembrarem de detalhes de um sonho e estes detalhes desaparecem rapidamente nos primeiros minutos após despertar.

A quantidade de detalhes que Lucy registra mais o fato de ter sido o sonho de outra pessoa mais a data tardia de seu testemunho levam à conclusão de que este relato foi fortemente influenciado pelo que ela leu no Livro de Mórmon. Isto é, é difícil definir o quanto que o sonho original de Joseph Smith Sr. tinha em comum com o Livro de Mórmon, já que os detalhes só estiveram disponível após o fato, quando a memória de Lucy poderia ter sido afetada pelo que ela leu em mais detalhes no registro do Livro de Mórmon (o relato do Livro de Mórmon é bem mais longo e detalhado do que o materia de 1844-45).

Assim sendo, parece plausível que haja uma relação entre o Livro de Mórmon e o texto de Lucy - mas não se pode saber o quanto que um influenciou o outro.


Notas

  1. Lucy Mack Smith, Joseph Smith, The Prophet And His Progenitors For Many Generations, chapter 14